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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Assentados da Chapada do Apodi podem ser desapropriados por projeto do Denocs


Na região da Chapada do Apodi centenas de famílias estão com medo de terem as terras desapropriadas por causa de um projeto do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Denocs). Ivonilda de Souza vive há quase 12 anos na agrovila Palmares, a 15 km de Apodi. Inaugurada em março de 2000, é uma das áreas que pode ser desapropriada pelo projeto. A ideia é desviar as águas da barragem de Santa Cruz do Apodi para as regiões onde centenas de famílias vivem hoje da agricultura familiar orgânica. São mais de 13 mil hectares de terras somente na região da Chapada do Apodi.

“Até agora eles não disseram nada. O que a gente sabe é que vai ter que sair daqui. E quem não tem para onde ir? Quem tem é bom, mas muitos estão assim, sem saber o que vai acontecer”, explica Ivonilda de Souza integrante do grupo de mulheres Juntas Venceremos, criado pelas moradoras da agrovila para tentar reverter esse quadro. Elas resolveram apelar até para a presidenta da república, Dilma Roussef. Escreveram uma série de cartas que foram entregues na semana passada pedindo a revogação do decreto.

Uma das atividades realizada na agrovila Palmares é a avicultura, onde os animais são vendidos e também utilizados para o consumo próprio. O medo dos moradores é que o projeto do Denocs acabe com a vida que eles levaram anos para construir. Por isso, eles ainda têm esperança em mudar o formato do projeto. “A gente acha esse projeto muito contraditório, porque eles querem desocupar nossas terras com 34 hectares, mas aqui ao lado temos grandes latifundiários que não serão atingidos”, defende Adenor Alves, agricultor. Os moradores tentam explicar que não são contrários ao projeto que leva água a região da chapada do Apodi, mas sim a forma como ele está sendo conduzido.

“Em momento algum o sindicato foi contrário ao projeto de forma alguma, mas nós temos visto em outros municípios o resultado desse mesmo projeto gerenciado pelo Denocs. O que o sindicato defende é uma agricultura familiar”, José Rita, representante sindicato trabalhadores rurais. O presidente da associação de moradores da Agrovila, Francisco Oliveira diz que os moradores já participaram de diversas reuniões em natal sobre essa situação, “mas os representantes do Denocs não explicam nada. Não dizem se vão nos dar outras terras, nem para onde vamos”, comenta o presidente. Os assentados ainda aguardam mais explicações por parte do Denocs sobre o destino deles, caso realmente tenham que desocupar as terras.

O decreto que libera o início das obras do projeto foi aprovado desde junho deste ano e aguarda apenas a assinatura da presidenta Dilma. Fato que causa ainda mais desespero aos moradores. “São 12 anos morando aqui e depois que conseguimos transformar num paraíso, eles querem nos tirar. Bate o desespero, principalmente em saber que alguns deputados que a gente ajudou a eleger, hoje estão a favor desse projeto que destruir os nossos sonhos”, disse bastante emocionada a moradora Rita Gomes.  

Por: Jornalista Amanda Melo Fonte: O Câmera

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